Apresentação

Boa tarde, FAMÍLIAS!

O Encontro Matrimonial Mundial é um movimento Católico, vinculado à Pastoral Familiar, que apresenta uma técnica de comunicação profunda e íntima.

Os objetivos são aprimorar o relacionamento entre os casais, fortalecer as famílias e, no caso dos sacerdotes e religiosos (as), levar a um melhor relacionamento entre eles, o clero e suas comunidades,

Procuramos viver o Plano que Deus traçou para todos nós, sendo sinais vivos do Seu Amor, vivendo de maneira muito mais profunda a sua comunicação com os filhos, os amigos e o mais importante, a sua comunicação com Deus.

Como consequência, os casais se colocam em disponibilidade para os trabalhos e atividades pastorais de sua comunidade, tornando-se em "fermento de amor". Somos um grupo de casais e sacerdotes que buscam melhorar as relações interpessoais e estar em contínua superação. Pensamos que, através desse ideal de Amor, podemos mudar o mundo, começando por nós mesmos.

Podem vivenciar o encontro:

•          Sacerdotes

•          Religiosos e religiosas

•          Casais sacramentados e não sacramentados, com família constituída

•          Casais de outros credos

•          Casais de nova união

NOSSA MISSÃO

A missão do Encontro Matrimonial Mundial (EMM) é “Proclamar o valor dos sacramentos do Matrimônio e da Ordem Sagrada na Igreja e no mundo”.

Isso acontece ajudando na renovação dos sacramentos do Matrimônio e da Ordem Sacerdotal, através da vivência de uma relação responsável e íntima em que é oferecido um novo estilo de vida e uma comunidade de apoio permanente.

NOSSO CARISMA

Nosso carisma é “Fé através do relacionamento”. Buscamos a conversão, através de um relacionamento de amor. O princípio básico é:

•          Casais e famílias em relacionamento;

•          Sacerdotes em relacionamento com sua gente (com o clero e seu povo);

•          Casais e sacerdotes em relacionamento intersacramental.

NOSSA VISÃO

“Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”

Nós não somos mestres e muito menos conselheiros: estamos aqui e compartilharemos com vocês nossas lutas e experiências como casal, como pais e família.

Essa oportunidade de refletirmos momentos de alegria e tristeza, cair e levantar, nos faz transbordar gratidão e pertença a Deus, sentimentos iguais ao que experimentamos no final de semana no dia 20 e 21 de agosto de 2022, onde vivemos o 1º. FDS do Projeto Expansão do ENCONTRO MATRIMONIAL MUNDIAL - EMM na Arquidiocese de Sorocaba, podendo ver e sentir a ação do Espirito Santo Paraclito no olhar, nos gestos de carinho e no compartilhar dos casais que experimentaram esse presente que foi o encontro.

Preparamos esse material iluminados pelo preciosíssimo capítulo VIII do livro “Amoris Laetitia – Acompanhar, Discernir e Integrar a Fragilidade”.

Eu e a Renata éramos jovens e queríamos a nossa liberdade, sem ninguém nos interferindo. A Rê tinha 18 anos eu 23 quando ficamos noivos, foi um dia muito feliz para nós, estávamos apaixonados, compartilhando sonhos, alegrias, quantos filhos queríamos e onde iriamos morar. Tudo para nós era intenso e logo em seguida marcamos o casamento. As expectativas do nosso matrimonio era sempre estarmos juntos com harmonia e prazer, suas qualidades mais marcantes eram: a responsabilidade com os afazeres da casa, o comprometimento com a sua profissão e é claro, cuidava muito bem de mim com carinho e amor. Sentia-me único, amado e pertencido a Deus. A cada dia que passava tínhamos mais vontade de estarmos juntos, compartilhávamos sonhos, alegrias, preocupações sem temores. Pensávamos em construir nossa família e ter nossa casa e graças ao seu amor eu já não estava sozinho.

Em todo nosso namoro me senti amada, o Jaime me completava e me protegia, me sentia única e pertencida.  Nos víamos todos os dias, meu coração disparava todas as vezes que o via chegando, me arrumava aguardando sua chegada, preparava os pratos que ele gostava de comer e escrevia muitas cartas.  Fazíamos promessas e juras de amor, planejávamos nosso futuro, nossas conquistas. Meus pais eram muito rígidos e nosso namoro todo foi com a supervisão deles, noivamos e o desejo de nos casarmos era a cada dia mais intenso. A cerimônia do nosso casamento foi a mais linda que já vi até hoje, D.Enrico o sacerdote que assistiu nosso sacramento, nos aconselhou que nunca dormíssemos de costas um ao outro, e se acaso não estivéssemos bem ou tivéssemos brigado, que mesmo assim fizéssemos uma oração de mãos dadas antes de dormir e assim aconteceu por muito tempo, uma alegria imensa, como se tivéssemos ganhado sozinhos na mega sena. O Jaime era atencioso, carinhoso e nosso amor nos sustentava, acreditávamos que viveríamos daquele jeitinho para sempre.

Após alguns ANOS de casados, os nossos sonhos começaram a ficar de lado, os problemas começaram a surgir, as dividas, os desencontros, comunicação superficial, deixando de se comunicar o que tínhamos em nosso interior, veio o ciúmes, enfim, acreditávamos que iriamos fazer tudo diferente que o mundo pregava, mas foi mais forte que nós, talvez pela imaturidade, pela falta de Deus no nosso meio, influencias externas, trouxeram decepções ao terminar o período de “lua de mel”. Sentia-me triste, frustrado e decepcionado, numa escala de 0 a 10, era 9. Essas decepções me influenciaram de maneira que me calava, ficava emburrado com mau humor e, em muitas vezes a Rê não sabia o que ela tinha feito para eu ficar assim. Quase todos os dias tinham discussões que não chegavam a nada, íamos empurrando com a barriga os nossos problemas.  O ambiente alegre e amoroso deu lugar a um clima de isolamento, eu já não tinha vontade de ficar em casa, estávamos ambos desiludidos do casamento e chegamos ao fundo do poço e a Renata pediu a separação. Foram inúmeras vezes que ela me pedia ajuda, pois não estava mais suportando tanta dor e sofrimento. Esse dia chegou na minha vida, a Renata pediu a separação. Um buraco se abriu aos meus pés, foi por alguns minutos que não conseguia mais ouvi la, tudo parecia em câmera lenta, só ouvia o meu coração bater, fui ficando sem forças pensava nos meus filhos, um filme passou na minha cabeça e acreditei que não suportaria a separação. Fui atrás de alugar um apartamento para ela morar, dei toda a ajuda possível e impossível, minha família já não entendia porque estava ajudando, já que a decisão em separar foi dela. Não quis ouvir os amigos e familiares falando como agir e o que deveria fazer, pois falavam que precisaria seguir a minha vida, que isso era normal os casais se separarem. Só queria um tempo para refletir tudo que estava acontecendo e fui buscar a ajuda de Deus conseguia ouvi lo falando comigo e dando forças para reconquistar a Renata e o amor dos meus filhos, foram meses difíceis, passava todos os dias para ver as crianças 30 minutos e depois partia fazer faculdade. A Renata não suportava mais a minha ladainha dizendo que eu estava me transformando um novo homem e que seriamos felizes para sempre. Meu único consolo e fortaleza era nos braços do senhor no santíssimo, ficava por horas rezando, saia com muita força sendo carregado no colo.

Passado o período de encanto, comecei a observar que o Jaime adotava alguns comportamentos com frequência que me irritavam, como deixar as coisas dele jogadas pela casa, a querer assistir todos os jogos de esporte e todos os campeonatos do mundo, ao invés de ficar junto de mim,  como nós dois trabalhávamos em outras cidades , os dois viviam exaustos, então ao perceber que diferente da fase inicial ele se preocupava mais com o cansaço dele e ignorava minhas necessidades, começou a me machucar, eu também precisava descansar  e queria ter um tempo livre para nós dois, mas ele não me acolhia como antes e sempre brigávamos. Como consequência de nossas brigas o Jaime começou a jogar futebol todas as sextas e depois esticava com um happy hour junto dos amigos para se distrair, mas a realidade era uma fuga dos nossos problemas conjugais. Esses comportamentos também me levaram a não priorizar voltar para a casa todos os dias, com isso para “facilitar” minha vida comecei a pernoitar na cidade onde eu trabalhava, usando como pretexto a praticidade e o meu descanso, quando no fundo eu queria mesmo era evitar me estressar, voltando para casa.

Com isso nosso relacionamento foi ficando frio e nossos sonhos de sermos cumplices e vivermos em unidade foram ficando cada dia mais distante.

Eu experimentava sentimentos de frustração e desilusão, assim como quando acreditamos que seremos promovidos no trabalho e isso não ocorre.

Sentia-me só, quando eu queria conversar com o Jaime ele se calava e me ignorava, me recordo desses momentos com uma tristeza e uma dor no peito, pois revivi minhas angustias, me lembro de chorar muito, pois eu não tinha com quem compartilhar minhas dores, me preocupava com os julgamentos e conselhos externos, pois certamente ouviria que seria melhor a separação do que o que estávamos vivendo, então para todos ao nosso redor nosso relacionamento sempre parecia estar muito bom.

Só nos reaproximávamos no sexo, onde parcialmente nossos problemas pareciam se resolver até o próximo desentendimento, nossa intimidade passou a ser usada como moeda de troca, mas isso também começou a me machucar muito. Naquele momento meus sentimentos eram de desespero, pois a meu ver o Jaime não se importava comigo, com as minhas fraquezas, as minhas dores, o meu medo, com minhas necessidades de felicidade, meu mundo azul foi ficando acinzentado e frio.

Nós não necessitamos ficar amarrados no círculo vicioso da Desilusão.

Temos o poder de romper a etapa de Desilusão tomando a Decisão de Amar e de nos Deixar Amar. Amar é muito mais do que um sentimento espontâneo, que vai e vem.

Tomar a Decisão de Amar é decidir amar meu cônjuge, passando por cima dos sentimentos que estou experimentando.

Do mesmo modo a Decisão de Deixar-me Amar é aceitar o amor que a outra pessoa está me oferecendo.

Não estou negando meus próprios sentimentos ou me dando por vencido e nem me fazendo de vítima, estou sim, escolhendo comportamentos que alimentam e fortalecem nosso amor.

Quando vivo a Desilusão e a Frustração sinto tristeza.

Amar é uma Decisão que preciso atualizar constantemente.

Amar significa lutar, ser aberto, honesto, responsável, afetuoso e confiante no cônjuge.

Experimentei momentos de desilusão, mas não precisei ficar amarrado a essa desilusão. Escolhi romper essa etapa da desilusão e retomar nosso crescimento no relacionamento, amando e aceitando o amor da Renata, com suas virtudes e seus defeitos e não como eu gostaria que ela fosse, porque “Amar é uma Decisão” e requer muita perseverança. Eu era uma pessoa muito ciumenta, todas as vezes que saiamos voltamos brigados, porque a simpatia e jeito extrovertido da Renata agir e tratar as pessoas me incomodavam, por ciúme eu me calava e a Rê nem sabia o que tinha acontecido, quando vinha falar comigo eu a ignorava como se ela tivesse feito algo errado. Hoje aprendi a confiar e aceitar, o apoio e o escutar que ofereço a Rê fazem de mim um novo homem, vencendo meu orgulho e minhas inseguranças Quando eu tomo a Decisão de Amar a minha esposa, minhas ações mostram que nosso relacionamento é mais importante do que qualquer problema ou barreiras que podemos atravessar.

Hoje estamos aqui, falando de nós, testemunhando para que não desistam um do outro, pois Deus não faz lixo ele quer o nosso bem, e nos mostra o caminho para atravessar o deserto e sermos melhores pessoas e sendo assim, ajudar quem precisa, nos usando como instrumento, sendo luz e sal. É uma alegria estarmos em comunidade, o quanto isso nos ajuda a ser melhores.

A decisão de amar inclui também o deixar-se amar, sendo receptivo, reconhecendo o amor demonstrado por nosso cônjuge, vencendo o orgulho e perdoando. Tornando-nos vulneráveis ao amor que nos oferecem, ainda que não seja fácil, sobretudo se estamos machucados, com raiva ou feridos.

Depois de vivenciar todos os nossos confrontos, tinha uma certeza de que não queria viver daquela maneira para o resto de minha vida, tivemos que chegar ao limite da tristeza, da desilusão e da decepção que culminou em nossa separação com 12 anos de casados.

Todavia não perdemos o respeito e carinho que um dia nos uniu, quando vimos nossa família destruída pela falta do diálogo e por nossos erros, conseguimos enxergar que não existia certo e outro errado, pois em um relacionamento temos a necessidade de amar e ser amado, sendo assim nos dois estávamos errando, pudemos reavaliar nossos comportamentos e atitudes e naturalmente sem cobranças eu fui mudando os meus comportamentos com o Jaime, pois quando estávamos vivendo toda a turbulência e as tristezas em nosso relacionamento eu somente enxergava os erros dele e tentava muda-lo, o fato é que nosso erro nos cega todavia quando buscamos um coração novo e um espirito novo, Deus verdadeiramente nos presenteia, assim aconteceu conosco. Com as mudanças em meu comportamento, o Jaime passou a agir de maneira oposta ao estilo de vida que estava tendo, ele verbalizava a todo o momento que iria me reconquistar, era nítida a mudança em seu comportamento, ele lutou bravamente perseverou se fortaleceu em Deus e se fez cada dia mais presente na minha vida e das crianças. Sinceramente eu temia muito que aquela drástica mudança, fosse temporária e que aos poucos ele voltasse aos velhos comportamentos, mas o dialogo voltou a fazer parte de nossas vidas e juntos decidimos amar um ao outro, nos perdoamos e nos aceitamos. Pudemos então reescrever nossa história e nosso matrimonio que havia sofrido um rigoroso inverno pode se aquecer com um sol lindo, forte e vigoroso, que irradia amor, pertença, unidade e intimidade, infelizmente todos nós crescemos e amadurecemos pela dor, sofrimento e lagrimas. Sentindo a mudança no comportamento do Jaime decidi perdoa-lo e deixar-me amar por ele.

Mudando nossas atitudes e comportamentos negativos, e escolhendo tomar as decisões diárias de amar ou ser amado, nossas ações podem levar nosso relacionamento ao júbilo.

Júbilo é a etapa na qual aceito a mim mesmo com minhas limitações e também aceito você com suas limitações.

É um momento completo de alegria, de desfrutarmos do nosso relacionamento e dos frutos de nosso amor, é plenitude.

O nosso casamento chegou ao fundo do poço e nos separamos. Essa decisão foi tomada pela Renata, pois não queria mais sofrer e também que as crianças não vissem mais nós dois brigando, porque não estávamos sendo exemplos para eles. Ao perceber que havia perdido a minha família, a ficha caiu, pude entender o quanto tinha errado nas minhas atitudes e comportamentos, nesse momento não tem o verdadeiro culpado, são os dois que erram, que deixaram chegar nessa fase. Me apeguei a Deus, somente ouvia Ele falando comigo, me dando forças e discernimento na minha decisão de amar, orando todos os dias. Me revesti de um outro homem, cresci e pude demostrar para a Renata os meus valores e as minhas mudanças, reconquistando a confiança e o amor dela.  Foi um momento inesquecível na qual experimentei o júbilo e o quanto Deus me amava. Quando retomamos o nosso casamento, ganhamos um presente que foi o FDS do EMM, com isso o nosso amor foi solidificado e o reconstruímos na rocha. A nossa Decisão de Amar, nos trouxe mais proximidade, cumplicidade e necessidade do outro.

Para amar verdadeiramente, é necessário nos expressarmos, claramente, mesmo os nossos desacordos

O FRUTO DE TOMAR A DECISÃO DE AMAR É VIVER O JÚBILO.

O desejo de Deus para nós é a unidade, porque quando somos um, somos o melhor casal.

Unidade é ser um, de mente e coração, unidade não é querer que meu cônjuge seja exatamente como eu. Nossas diferenças nos fazem únicos e enriquecem nossa unidade.

A intimidade é um estado do coração, uma atitude que nos leva a abandonar comportamentos e temores que nos aprisionam, para estar abertos e nos deixar influenciar um pelo outro e nos aceitar mutuamente.

Hoje experimento momentos de grande intimidade com o Jaime quando nos permitimos a orar juntos em voz alta, compartilhamos nossas preces, agradecimentos e pedidos a Deus. Nesse momento experimento uma alegria e fortaleza, sinto-me amparada e sei que minhas orações chegam a Deus também através do Jaime, assim como as orações dele também são confiadas a mim e me sinto responsável por entrega-las ao Nosso Senhor, esse nosso momento se torna intenso e agraciado assim como quando descobrimos que seriamos pais uma felicidade que transbordava, me sentir confiável e importante na vida do meu esposo é um presente isso nos traz unidade e harmonia.

Tudo tem um proposito e Deus, nos carregou no colo e nos fez crescer como casal, mas também como pessoas melhores com o próximo. Se não tivéssemos passados por essa turbulência nas nossas vidas, não estaríamos hoje dando nosso testemunho a vocês, saber que somos instrumentos Dele, para evangelizarmos e levarmos a boa nova. Voltar a cidade onde após 26 anos passamos nossa lua de mel, nos faz ainda mais gratos e abençoados, aumentando nossa intimidade e a responsabilidade de vivermos em unidade.

Após nossa reconciliação, ao sermos transformados e restaurados por Cristo, experimentávamos uma grande alegria e intimidade, nós sentíamos como recém-casados, degustando do vinho novo e vivendo uma verdadeira lua de mel.

Foi então que fomos surpreendidos por Deus, o Jaime me questionou sobre uma possível “adoção” de uma criança que havia nascido, que perdera a mãe no parto e que a avó não queria cuidar, mas algo tão inusitado e repentino me causou estranheza e de pronto respondi que não.

Me preocupei com aquele anjo que tão cedo já estava desamparado e fomos conhece-lo com 7 dias de vida, me lembro como se fosse hoje pequenino e frágil, naquele lugar absurdamente estranho, me lembro da carinha dos meus filhos ao segura-lo no colo, naquele momento entendi que Deus havia nos escolhido eu não sabia o que iria acontecer, mas fomos inundados pelo amor de Deus. A partir daquele momento o Dani esteve presente em todas as nossas orações.

Na semana seguinte o Jaime o trouxe para casa e assim foi durante os anos seguintes, ele aprendeu a falar, andar e nos enchia de alegria, esperança e amor. Porém com a mesma intensidade da alegria, da ansiedade e da euforia que sentíamos aguardando as sextas feiras para a chegada do nosso menino, também sentíamos a angustia, o medo e a tristeza quando chegavam os domingos à noite e iniciava nosso calvário, pois sabíamos que teríamos de entrega-lo as segundas pela manhã.

Foram anos de muito sofrimento para todos nós, anos dolorosos, de muita oração, de muitas incertezas, muitos questionamentos, muita revolta, dias dolorosos com a ausência do nosso filho, eu e o Jaime tínhamos que ser fortes para passar confiança para nossos filhos principalmente ao Dani, víamos nossos inocentes sofrendo tanto e isso nos dilacerava.

Entendi que por minhas forças humanas eu não suportaria, então me abandonei no colo de Deus, e parei de questiona-lo, me permiti ser carregada, rogava e implorava a Virgem Maria que cuidasse do meu filho enquanto eu não poderia estar ao lado dele fisicamente, que ela o protegesse e desse o afago e o amparo necessário a ele, somente isso me acalmava e me fazia forte.

Ouvi o Dani dizer a psicóloga em uma terapia que o dia mais feliz da vida dele eram as sextas feiras, porque ele ia pra casa ficar conosco e ela disse a ele que chegaria um dia em que todos os dias seriam sextas feiras na vida dele e esse dia chegou com a guarda definitiva em 2020, exatamente 9 anos após ele chegar nas nossa família, eu digo que foi minha gestação mais longa, ao invés de 9 meses foram 9 longos anos, mas Deus esteve conosco nos moldando e nos fazendo melhores, agora aguardamos a adoção do Dani que será a realização do nosso maior sonho, hoje ele diz que é muito feliz e que Deus o ama, porque ele não tem mais que ficar longe de nós, isso me emociona e me faz grata, Deus é perfeito e maravilhoso, ele resgatou meu casamento, restaurou a minha família, nos fez novas pessoas, para em família atravessarmos esse deserto, nos fortaleceu na fé, nos fez mais orantes, nos manteve ainda mais íntimos e unidos para hoje podermos brindar essa grande alegria e nos fazer viver o jubilo e a alegria de sermos uma família completa, uma família de Deus, sentimos que os nossos desejos mais profundos, primeiro passaram pela cruz para serem reorganizados na nossa escala de valores.

A família é a célula principal da sociedade e é na família que se aprende a viver.

Quando deixamos de lado nossos comportamentos habituais e optamos por nos abrir para amar nosso cônjuge buscando a harmonia, nos encontramos com o desejo de Deus de que vivamos em unidade.

Um homem e uma mulher juntos, como esposo e esposa, vivem uma vocação, é a “vocação” que nos permite desfrutar de uma profunda realização pessoal, que nos preenche emocional, sexual e espiritualmente.

Quando nos esforçamos para viver intima e também responsavelmente, isso é unidade. Deus nos chamou para deixarmos que Ele se revele através de nosso amor de casal.

E como cada membro do nosso corpo é diferente, porem de suma importância para se completarem, assim também somos nós seres humanos, diferentes na essência, na personalidade mas que em um relacionamento conjugal nos completamos, se soubermos amar e aceitar nossas diferenças como presente de Deus.

Temos consciência de que nosso amor ferido e frágil, voltou a brilhar pois fomos amparados por uma comunidade que nos amava e que muito nos ajudou, através de acolhimento e oração.

Nosso relacionamento que estava cinza escuro se tornou colorido vibrante.

Deus é amor e por isso o relacionamento de amor de um homem e uma mulher é a imagem de Deus. Ele criou o homem e a mulher a Sua imagem e semelhança, para que neste amor que existe entre eles se mostre o amor de Deus.

Um casal que se ama assim, de maneira responsável e íntima e vive a unidade, revela Deus.

Na verdade, Deus é “Pessoas em relacionamento de amor”. Não é a palavra amor o que revela Deus, mas sim a experiência real de pessoas que se amam de verdade.

Para descobrir a riqueza de um “Deus amor”, de um “Deus Relação”, de um “Deus Trinitário”, faz-se necessário que os casais se amem como Deus nos ama.       

Papa Francisco nos pede na carta de amor do capítulo VIII, que estejamos sensíveis as necessidades e fragilidades do próximo, sempre com discernimento e misericórdia Que os fiéis, que vivem em situações difíceis, se sintam confiantes em dialogar com seus pastores ou leigos de comunidade que vivam entregues a Deus, e que seus pastores acolham, escutem com o coração, e iluminem a luz do evangelho esses, de modo que se sintam amados e integrados a igreja de Jesus para amadurecerem. A Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, fazendo pulsar o evangelho na vida das famílias. Jesus, se apresenta como pastor das cem ovelhas e não de noventa e nove. Nesta certeza, que todos os afastados possam chegar junto a Deus e encontrar a compreensão.

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Sobre o casal
Jaime Zambelli e Renata Leme do Prado Zambelli, ambos naturais de Jundiai/SP, atualmente moram em Sorocaba/SP, casados a 26 anos e possuem  4 filhos, Gabriel 24 anos, Larissa 23 anos, Natália 21 anos e Daniel de 11 anos. O Jaime é servidor público, diretor de mobilidade urbana e transito, a Renata trabalha em uma Assessoria de Seguros na área comercial. Serviram na Pastoral dos Noivos, ECC, Campanha da Fraternidade, Liturgias e acolhida e hoje atualmente integram o Encontro Matrimonial Mundial, servindo na Coordenação Diocesana e Regional SUL 1 na pasta Expansão.